terça-feira, 12 de novembro de 2013

POR CINCO DIAS DE AMOR

Verão. Praia. Sol. Noite. Movimento. Festa e gente bonita. O mundo aquele era só felicidade. Ali, ninguém tinha problemas. Estes, se haviam, ficaram guardados, chaveados num cofre, lá no lugar de onde toda aquela gente veio. 

Conheci uma moça linda. Chegara com seus amigos de Belo Horizonte. Alugaram um ônibus e partiram para as praias de Santa Catarina, comemorar a formatura no curso de Medicina. 

Ficamos juntos, eu e a Suzana por cinco dias, e as noites inteiras também. Depois conheci as suas colegas; as amigas da sua turma. E nos divertimos juntos. Às vezes. Nem sempre. Porque já éramos um casal formado às pressas pela urgência da atração, e precisávamos de longos momentos de intimidade, que aquele breve, inesperado e intenso relacionamento, de nós, tanto exigia. 

Foi um daqueles romances que acontecem nos verões, nas areias, nos bares; embaixo do sol e testemunhados pela lua. Amores que duram apenas aquele período e depois se terminam. Viram farelo ou estrelas luminosas na lembrança da gente. 

Mas que a Suzana e eu já estávamos apaixonados um pelo outro, ah, isso, tínhamos certeza. E os outros também. Durante aqueles cinco dias, onde um estava, junto estava o outro; bem agarradinhos, aos beijos e abraços. Quem olhasse, pensaria: “ - como se dá bem aquele casal de namorados. Um foi feito para o outro! Serão felizes para sempre!” 

Acordamos numa manhã iluminada. Entramos no carro e ficamos dois dias e duas noites longe do seu pessoal. Fui mostrar para a Suzana os lugares mais bonitos da terra. Andamos por Itapema, Bombinhas, Zimbros, Canto Grande e Tainhas. Na praia do Retiro dos Padres permanecemos uma tarde inteira e dormimos, se é que dormimos à noite em um hotel antigo que havia por lá; um palácio para nós dois. Ela, extasiada diante de tanta beleza criada pela natureza; eu, deslumbrado por toda a beleza dela. Nós dois liquidados pelos constantes exercícios dos prazeres amorosos. 

Quase que ela me prometeu voltar de Minas Gerais para ficar comigo. Quase que eu fui de mudança para ficar com ela. Nem sei porque uma dessas viagens não aconteceu. 

Domingo, já quase anoitecendo, todos reunidos na frente do hotel em Balneário Camboriú, prontos para partirem. A turma dentro do ônibus, menos a Suzana que estava ocupada comigo, ali sobre a calçada. Beijos, beijos e mais beijos e abraços de despedida, com uma ilhazinha ali na nossa frente, fazendo o cenário exato para o que entre nós acontecia. As suas colegas gritavam para mim: “ - vem, vem, vem; vem, embarca e vem!” 

A Suzana entrou no ônibus. Pedi para o motorista esperar mais um pouco. Ele gentil e conivente com o que via, abriu a porta. Entrei, abracei a Suzana e nos beijamos em pé no corredor. E choramos nós dois. E vi lágrimas no rosto das suas amigas. 

Sempre choro nas despedidas. É porque não sei me despedir direito. Sou muito fraco na hora de dizer adeus. Me emociono, me engasgo, choro e não consigo falar palavras bonitas. E eu nunca mais soube nada da vida da Suzana. 

Um grande amor de cinco dias!! Mas uma certeza eu tenho: é a Suzana, a médica mais linda que existe por lá. E tenho também outra certeza: que de vez em quando ela se distrai, com o queixo descansando na concha da mão, e atira os olhos para o passado para reviver aqueles cinco dias. E fica saudosa, bem fêmea, toda delicada, fazendo um leve sorriso com o canto da boca, lembrando de nós dois. 

É nesses instantes de ausência, que o homem que por ela se apaixonou, o seu marido, deve dizer: “ - por onde andas querida? Até onde foi este teu suspiro? Voltes aqui para pertinho de mim. Vem, preciso tanto te abraçar!” 

Para a Suzana, a mulher mais doce e bonita deste mundo. Porque ninguém precisa mais do que cinco dias, para viver uma grande história de amor.

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